quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Cadeia de Transporte de Elétrons

Também conhecida como Cadeia Respiratória, é a via metabólica na qual o ferro está inserido. Nela acontece a reoxidação das coenzimas NADH e FADH2 (reduzidas na oxidação da glicose, aminoácidos e ácidos graxos), gerando, ao final do processo, moléculas de ATP através da fosforilação oxidativa. Em células eucarióticas, é a maior fonte de ATP.

O processo se passa na membrana interna da mitocôndria e envolve 4 complexos protéicos ligados a grupos prostéticos capazes de receber e doar elétrons (reações de óxido-redução). A energia liberada é usada para manter um gradiente de H+ de fora para dentro da matriz. O retorno desses prótons para a matriz libera energia livre que será então utilizada para o funcionamento da ATPsintase, que produzirá as moléculas de ATP a partir de ADP + Pi. Há então um acoplamento entre a cadeia de transporte de elétrons e a fosforilação oxidativa1.

Os Complexos são denominados NADH-ubiquinona óxido-redutase (I), succinato-ubiquinona óxido-redutase (II), citocromo bc1 (III) e citocromo c oxidase (IV). Entre eles existe ainda dois compostos móveis, a coenzima Q (CoQ ou ubiquinona) e o citocromo c, que transportam os elétrons dos complexos I e II para o III e do III para o IV, respectivamente.

O posicionamento desses complexos não é aleatório. Eles se organizam de acordo com seus potenciais de redução2, assim os elétrons são sempre transferidos para um carreador com maior potencial para reduzir-se, favorecendo um fluxo unidimensional do NADH e FADH2 para o O2, receptor final dos elétrons3.

A transferência de elétrons se dá através das reações redox reversíveis de centros de Fe-S (ferro-enxofre), CoQ, citocromos e íons de cobre e envolvem um doador de elétrons (redutor) e um aceptor de elétrons (oxidante). Então, a oxidação é a perda de elétrons enquanto a redução é o ganho dos mesmos. Nenhuma substância doa elétrons sem que outra os receba, o que as torna acopladas, formando um par redox. A tendência de um redutor em perder seus elétrons é expressa quantitativamente pelo E, ou seja, o Potencial de Redução1.




Como se pode ver na animação, os centros Fe-S estão presentes nos Complexos I, II, III além dos citocromos. Seu funcionamento envolve a redução do Fe3+ a Fe2+ ao receber um elétron e em seguida sua reoxidação ao transferir esse elétron ao próximo intermediário da cadeia. Nisso há a liberação de prótons, com a formação do gradiente de H+.

Um exemplo de reação redox em que encontramos o ferro é:
FMNH2 + 2 Proteína-Fe3+S ↔ FMN + 2H+ + 2 Proteína-Fe2+
reação essa que ocorre no Complexo I. As demais também são descritas por Motta, V.T.

Ao fim da cadeia os elétrons são transferidos a moléculas de O2 e somando-se H+, obtemos H2O. A maior parte do O2 absorvido pelo organismo é consumido nesse processo.



1. Bioquímica Básica. Motta, V.T. - Autolab Análises Clínicas.


2. Bioquímica Básica. Marzzoco, A.; Torres, B.B. 3ª ed. 2007.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Encerrando a atuação dos polifenóis

Esclarecendo como os polifenóis prejudicam a absorção de ferro..

Eles inibem a absorção do ferro-não-heme (a ser apresentado nos próximos posts). Chegam a influenciar sua absorção de 40% a 60% dependendo de como for consumido. A ação dos polifenóis se daria através da formação de complexos entre os grupos hidroxila dos compostos fenólicos e as moléculas de ferro, tornando-o não disponível para absorção1.

As estruturas químicas dos polifenóis (Fig. 1) apresentam grupos como o catecol (no anel B) capazes de quelar (formar complexos de metais nos quais o átomo de metal é envolvido pelo quelador, formando uma estrutura anelar) metais como o ferro e o cobre, impedindo-os de catalizar a formação de radicais livres2, que existem em formas tóxicas e patogênicas. Um exemplo é o radical hidroxila (o mais lesivo para as membranas e o sistema enzimático), formado de maneira não enzimática através da reação de Haber-Weiss34. Os polifenóis ainda apresentam outros efeitos benéficos à saúde (antialérgico, antiviral, antioxidante, antiinflamatório etc).

Figura 1. Estrutura química de um polifenol (epicatequina galato).


1. Ferro e Anemia Ferropriva. Dra. Jussara E. F. Guerra Rodrigues - Albitech Nutritionals.

2. Extracção e purificação de metabolitos de interesse comercial a partir de subprodutos de origem vegetal. André Azevedo, Patrícia Veríssimo, Paulo Figueiredo, Margarida Gonçalves, Benilde Mendes, José S. Oliveira. 2006.

3. Radicais livres: conceitos, doenças relacionadas, sistema de defesa e estresse oxidativo. FERREIRA, A.L.A.; MATSUBARA, L.S. Rev. Assoc. Med. Bras. , São Paulo, v. 43, n. 1, 1997.

4. Efeito de antioxidantes endovenosos sobre a peroxidação lipídica em humanos. Junior, J.F., Percário, S. - Associação Brasileira de Medicina Complementar.